O movimento de joias finas acessíveis está marcando seu território. Com o crescimento do e-commerce e do mercado direto ao consumidor, empreendedores estão desafiando a indústria tradicional e repensando o que significa vender, possuir e comprar joias finas.
Deixando de lado as altas margens de lucro e as salas de exposição formais, as marcas finalmente oferecem joias finas a preços acessíveis e normalizam o uso diário dessas peças. Tomar banho com elas? Sem problemas. Dormir com elas? Com certeza.
No entanto, os preços extremamente baixos levantam questões sobre qualidade e sustentabilidade. Entenda o movimento das joias finas acessíveis para entender melhor o que é, por que está acontecendo e se esses preços baixos são tão bons assim.
O que são joias finas acessíveis e por que são uma tendência?
O modelo de venda direta ao consumidor (DTC) permitiu que lojas de joias finas oferecessem peças a preços semelhantes aos de joias de fantasia e “demi-finas”. Mas qual é a verdadeira diferença?
A diferença entre joias “demi-finas” e joias finas
Lojas de joias finas acessíveis são aquelas que vendem muitas peças com preços abaixo de US$ 500.
Joias finas referem-se a itens feitos com metais preciosos e pedras preciosas ou semipreciosas. Isso geralmente significa peças elaboradas com ouro de 10 a 18 quilates, prata esterlina ou platina. As pedras variam de favoritos brilhantes como diamantes, esmeraldas e safiras a opções coloridas como topázio, ágata, turquesa e opala.
Joias “demi-finas” referem-se, na maioria das vezes, a peças banhadas, folheadas ou preenchidas. Peças “demi-finas” não apresentam pedras preciosas caras como diamantes, mas muitas vezes incluem opções mais acessíveis, como diamantes cultivados em laboratório, safiras brancas, moissanite ou zircônia cúbica.
A maior parte dessas joias é feita com ouro de alguma forma. O ouro vem em algumas variações diferentes:
Joias banhadas a ouro
Joias banhadas a ouro são feitas com uma fina camada de ouro sobre um metal base. Por conta disso, o revestimento externo pode se desgastar com o tempo.
Joias em vermeil
Joias em vermeil têm uma base de prata esterlina com uma camada espessa de ouro de 10 a 18 quilates por cima. Peças em vermeil costumam ser de boa qualidade e com preços mais acessíveis.
Lembre-se de que vermeil pode ter significados diferentes para diferentes joalheiros, e não é um padrão uniforme de país para país. Por exemplo, no Brasil, a joia deve ter pelo menos 2,5 mícrons de ouro para ser comercializada como vermeil.
Joias em ouro preenchido
Joias em ouro preenchido são feitas de uma camada espessa de ouro unida a um metal base. Pelo menos 5% do peso de cada peça deve ser ouro sólido.
Joias em ouro sólido
Joias em ouro sólido são exatamente o que parecem: sólidas. Para serem consideradas ouro sólido, devem ter pelo menos 10 quilates.
Tendência atual: 14 quilates por menos
Quando os empreendedores perceberam a oportunidade de oferecer metais e pedras preciosas a preços acessíveis, outros também se deram conta, oferecendo mais opções para consumidores que desejam se presentear mais do que nunca.
Talvez o campeão mais conhecido da tendência de joias finas acessíveis seja a Mejuri, a marca canadense que desenvolveu um culto de seguidores por designs simples em ouro de 14 quilates e diamantes.
De acordo com um artigo da Forbes, “a mágica que a Mejuri criou é um movimento, onde as mulheres estão se presenteando (inspiradas pelo fato de que estão tomando as próprias decisões de compra e impulsionadas pelo empoderamento feminino) e onde joias finas são para o dia a dia, não apenas para ocasiões especiais”.
Se a Mejuri foi o catalisador que acendeu o movimento ou se a tendência cresceu paralelamente entre muitos empreendedores cansados das velhas práticas, hoje a tendência de joias finas acessíveis está em plena ascensão.

A emergência do movimento de joias finas acessíveis
As joias finas há muito tempo eram inatingíveis para as pessoas devido ao preço. Nos últimos anos, muitos empreendedores viram isso como uma oportunidade de ouro.
Esse foi o caso da fundadora da Après Jewelry, Amanda Thomas. No site da Après, Amanda afirma: “Depois de ficar noiva e realmente procurar no mercado por joias finas elegantes e acessíveis para o meu casamento, fiquei chocada com a escassez de opções. Eu realmente queria preencher essa lacuna e criar anéis de noivado e alianças que fossem importantes e que não fossem extremamente caros”.
A Après fez exatamente isso, oferecendo anéis de noivado a partir de US$ 1,1 mil. Os clientes podem definir um orçamento e escolher entre uma variedade de pedras centrais, de morganita a diamantes naturais que se encaixem no tamanho e faixa de preço desejados.
A marca também oferece brincos, colares e pulseiras finas feitos para o uso diário. E como as peças são feitas de ouro sólido, os clientes nunca precisam deixar de usar as favoritas.
Esses empreendedores perceberam a necessidade de mais opções de joias finas acessíveis e abriram lojas para atender a essa demanda.
Uma história de origem semelhante é a da Vrai (originalmente Vrai & Oro), que surgiu em 2014 e se desenvolveu primeiro em um negócio de joias digital, focado em diamantes cultivados em laboratório. A visão da fundadora, Vanessa Stofenmacher, era semelhante à de Amanda: “ninguém está realmente tomando uma posição e fazendo algo a respeito e trazendo joias finas essenciais, joias de alta qualidade, a um preço acessível”. Esses empreendedores perceberam a necessidade de mais opções de joias finas acessíveis e abriram lojas para atender a essa demanda.
O mercado-alvo reagiu com entusiasmo.
O que antes era apenas acessível para grandes momentos da vida (um casamento, um grande aniversário, o nascimento de uma criança) agora está disponível para adolescentes que economizam o dinheiro de mesada; para casais que queriam o visual de um anel de diamante de dois quilates, mas não podiam arcar com o preço; para pessoas que querem usar joias de ouro simples enquanto correm ou lavam a louça, mas se preocupam que os itens acessíveis possam desbotar. Essas marcas criaram um mercado completamente novo com base em uma indústria antiga e saturada de tradições.

Como o modelo direto ao consumidor permite que as marcas mantenham os preços baixos
Há uma grande diferença de preços entre as marcas de joias finas acessíveis e outras empresas de joias. O mesmo colar de diamante solitário pode ser vendido por US$ 185 em uma loja e US$ 680 em outra. Isso não necessariamente sinaliza uma diferença de qualidade, mas sim no tipo de distribuição.
A maioria das marcas de joias finas acessíveis opera sob um modelo direto ao consumidor (DTC), e muitas operam primeiro em âmbito digital. Isso significa que, sem a obrigação de pagar uma taxa a um varejista maior para vender produtos, as lojas têm liberdade para definir os próprios preços. Margens melhores para a loja significam que elas podem repassar essas economias aos clientes.
A Stone and Strand, uma loja de joias finas acessíveis que começou em 2013, construiu toda a missão com base nesse modelo. Isso permite que os clientes se deleitem com “um gosto caro sem a margem de lucro”. Criando joias nas mesmas fábricas que os concorrentes da Quinta Avenida em Nova York, a marca escolhe deliberadamente manter os preços baixos para que as peças sejam acessíveis a todos.
Algo bem notável é o uso de ouro de 10 quilates na maioria das peças finas. O ouro de 10 quilates contém 41,7% de ouro, e embora seja menos puro que o ouro de 14 quilates (58,3%) e 18 quilates (75%), é o mais durável entre eles. Usar isso como o metal básico na coleção de joias finas significa que as peças custarão menos e resistirão melhor aos impactos e arranhões do dia a dia; uma vitória para os clientes da Stone and Strand.
A Stone and Strand também oferece anéis de noivado por menos, agrupando pequenos diamantes para parecer uma pedra maior. O anel Mia, por exemplo, tem um peso total de 0,5 quilates, com uma pedra central de 0,2 quilates. O efeito geral é semelhante ao de uma grande pedra em forma de pêra, a uma fração do custo.

Sustentabilidade, ouro reciclado e longevidade
Com alguns fabricantes de joias finas acessíveis lançando novos estilos semanalmente, e a preços tão baixos que os clientes podem comprar várias peças, há uma preocupação sobre esses negócios serem sustentáveis.
Embora seja difícil dar uma resposta geral, muitas empresas de joias finas acessíveis se comprometeram com a sustentabilidade de alguma forma. Muitas marcas optam por trabalhar com ouro reciclado. A Stone and Strand, por exemplo, se comprometeu com a sustentabilidade ao trabalhar com ouro reciclado e garantir que todos os envios sejam neutros em carbono. Outras optam por vender joias vintage ou de herança ao lado das próprias coleções, dando nova vida a peças antigas que, de outra forma, poderiam ficar guardadas.
Joias finas devem durar para sempre, o que significa que os itens podem ser passados de geração em geração ou derretidos para criar algo novo, eliminando a possibilidade de desperdício. Peças finas também podem ser reparadas enquanto muitas opções de fantasia não podem.
Enquanto itens de moda rápida (peças de roupas baratas e produzidas em massa que seguem tendências) são frequentemente comprados para satisfazer uma vontade ou entrar em um momento, joias finas geralmente são vistas como uma compra de investimento.
Se você está pensando em começar (ou já começou) sua própria marca de joias, você pode fazer a diferença mantendo seu negócio sustentável.
- Seja o mais transparente possível: liste onde e como você obtém as pedras, compartilhe como sua marca tem práticas sustentáveis, como o uso de materiais reciclados/vintage etc.
- Trabalhe com fornecedores éticos de matérias-primas: mesmo que seu negócio tenha práticas sustentáveis e éticas, você deve garantir que isso também se aplique às pessoas com quem você trabalha.
- Compense sua pegada de carbono: você pode comprar créditos de carbono ou oferecer uma opção onde os clientes podem pagar a mais para compensar seu envio no check-out? Até permitir que os clientes finalizem a compra pode ajudar a plantar árvores.
Adequadas para o dia a dia
A outra grande mudança que marcas de joias inovadoras estão fazendo é a transição de “apenas para ocasiões especiais” para “adequadas para o dia a dia”. De maneira geral, joias finas eram reservadas para eventos formais, festas anuais ou um casamento.
Agora, as lojas estão incentivando o uso diário de itens essenciais. O motivo? Primeiro, joias de ouro sólido ou platina são bem mais duráveis do que joias banhadas ou em vermeil. Use brincos de ouro e diamante todos os dias e eles não desbotarão, não perderão a cor ou deixarão as orelhas verdes. Segundo, se você tem joias bonitas, por que deixá-las guardadas em uma caixa de joias acumulando poeira?
Essa mudança traz uma transformação dinâmica para o antigo mercado, abrindo portas para empreendedores que buscam criar novas tendências dentro do setor de joias finas. À medida que mais joalheiros descobrem como manter os itens a preços acessíveis, eles abrem a porta para uma base de clientes completamente nova, uma que antes nunca pensou que poderia comprar esses tipos de itens de alto padrão. Isso também significa que aqueles que já compram joias finas podem se tornar clientes recorrentes, pois poderão adquirir mais opções de joias artesanais lindas para o dia a dia.
Cinco marcas de joias diretas ao consumidor para conferir
Feitas com materiais duráveis como ouro sólido, diamantes ou safiras, as joias finas resistem ao uso diário. Essas marcas de joias diretas ao consumidor são notáveis por seus preços e designs. Vale a pena conferir, seja você um empreendedor em busca de inspiração ou apenas alguém em busca de algo brilhante.
1. Bychari

Bychari cria joias delicadas que são discretas e perfeitas para o uso diário. As peças simples são fáceis de integrar em qualquer roupa, seja um jeans com salto para um encontro ou calças de yoga e camiseta favoritas. A marca é talvez mais conhecida por colares de letras espaçadas, onde os clientes podem personalizar um nome ou frase e adicionar diamantes entre as letras.
2. Ferko’s

A marca de joias Ferko’s tem uma coleção extensa que atende a vários estilos e faixas de preço. Ela vende muitas peças superacessíveis sem comprometer a qualidade, como pulseiras de diamante ou colares solitários. A marca oferece apenas joias de ouro sólido, mas os compradores podem escolher entre ouro branco de 14 quilates e 18 quilates, ouro rosa ou ouro amarelo.
3. Stone and Strand

Stone and Strand também acredita em joias finas sem margens de lucro exorbitantes. Em vez de cobrar os mesmos preços que outras marcas da Quinta Avenida, a Stone and Strand cria joias artesanais nas mesmas fábricas, mas elimina os preços altos. Isso não significa sacrificar a qualidade. A loja tem opções de alianças de casamento e anéis de noivado mais acessíveis.
4. Kinn

Kinn cria heranças modernas. Em vez de se apegar a momentos de tendência, a Kinn busca vender peças (como anéis de casamento, brincos e colares) que resistam ao teste do tempo. Silhuetas modernas, linhas duras e formas ousadas definem o estilo da Kinn. A marca oferece apenas peças de ouro sólido com foco em alta qualidade e sustentabilidade.
5. Aurate

Aurate New York é outra marca de joias finas diretas ao consumidor com um catálogo extenso. De brincos de argola simples a uma pulseira de tênis feita com diamantes cultivados em laboratório mais acessíveis, a loja oferece peças em opções de ouro sólido e vermeil.
Imagem de destaque por Joseph Saraceno
Perguntas frequentes sobre DTC
Qual a diferença entre DTC e B2C?
DTC significa “direto ao consumidor”, e refere-se a marcas que vendem produtos diretamente aos consumidores, sem a participação de varejistas ou atacadistas. Esse tipo de modelo de negócios permite que as empresas controlem seus preços, distribuição e marketing, e tenham mais controle sobre suas ofertas de produtos. B2C significa “business to consumer” (empresa para consumidor), e refere-se a empresas que vendem seus produtos e serviços para consumidores. Esse tipo de modelo de negócios geralmente envolve varejistas ou atacadistas, o que significa que as empresas têm menos controle sobre preços, distribuição e marketing.
O que significa DTC?
DTC significa “direto ao consumidor” e refere-se a empresas que vendem produtos e serviços diretamente aos consumidores, sem passar por um canal de varejo ou atacado tradicional. Esse tipo de modelo de negócios se tornou cada vez mais popular nos últimos anos, permitindo que as empresas evitem os custos associados ao varejo tradicional e se envolvam melhor com clientes.
O que é DTC e B2B?
DTC significa “direto ao consumidor”, que é um modelo de negócios onde uma marca ou empresa vende diretamente ao consumidor final, sem passar por um intermediário ou varejista. B2B significa “business to business” (empresa para empresa), que é um modelo de negócios onde duas empresas transacionam entre si, como um fabricante vendendo para um atacadista ou uma empresa de software vendendo para um cliente.
Qual é um exemplo de DTC?
Um exemplo de um modelo de negócios direto ao consumidor (DTC) é um varejista on-line como a Amazon, que vende produtos diretamente aos consumidores on-line, contornando canais de varejo tradicionais.